O Trauma não é generalizável. Quando temos em conta a história de cada pessoa e a sua individualidade, compreendemos que uma situação específica não vai deixar marcas permanentes em todos nós ou, pelo menos, de igual forma. Como nos diz Gabor Maté, Trauma não é o que nos aconteceu, mas sim o que aconteceu dentro de nós em resposta à situação.
Estar presente no campo de batalha de uma guerra é considerado um evento traumático, certo? Ora… nem sempre. Em algumas pessoas, experienciar uma guerra vai abalar por completo a sua estrutura interna. Por outro lado, existem pessoas que conseguem resolver esta situação dentro delas e não experienciar este evento como traumático, isto é, não tem o poder de assombrar o resto das suas vidas.
Pensemos num outro exemplo: ser mordido por um cão. Um evento que para muitos não passou de um imprevisto, para outros gera um medo intenso e um evitamento constante de cães para o resto da vida. Algo que não passou de um episódio para alguns, tem um impacto tremendo e condiciona o quotidiano de outros.
O Trauma é subjetivo. Dependendo das nossas experiências e da resiliência que desenvolvemos até ao momento, podemos conseguir ultrapassar experiências potencialmente traumáticas sem criar grandes conflitos internos. É neste aspeto que a resiliência assume um papel muito importante. Através de experiências de amor, segurança e apoio, desenvolvemos uma defesa contra as adversidades da vida. Aprendemos a ver uma variedade de caminhos e a adaptamo-nos às situações inesperadas que vão, seguramente, acontecer.
Quando algo falha e experienciamos o Trauma é importante lembrar que não estamos sozinhos. Não é tarde de mais para melhorar. E como nos diz o pai da Psicanálise, é uma cura pelo amor.